terça-feira, dezembro 16, 2008

Vidas que se vão

É estranho pensar na morte.

O grande mestre Raul Seixas já disse isso:

"...Com que rosto ela virá?
Será que ela vai deixar eu acabar o que eu tenho que fazer?
Ou será que ela vai me pegar no meio do copo de uísque?
Na música que eu deixei para compor amanhã?
Será que ela vai esperar eu apagar o cigarro no cinzeiro?
Virá antes de eu encontrar a mulher, a mulher que me foi destinada,
E que está em algum lugar me esperando
Embora eu ainda não a conheça?..."

No começo do ano eu passei por um acidente de carro, voltando de uma viagem.
Era uma pista simples, e um motorista bêbado tava na faixa errada, na hora que eu estava passando. Não deu tempo de fazer muita coisa, só o meu amigo que estava dirigindo o carro jogar o carro pro acostamento, coisa de milésimos de segundo. Ainda que o outro carro levou a lateral do carro que a gente estava. Coisa que por alguns centímetros que o carro não foi tirado, teria acontecido coisa pior. E o motorista parou? Lógico que não. Se não tivessemos o sangue frio de ligar pra polícia e pra empresa que cuidava da estrada, talvez nunca saberíamos quem era o irresponsável que quase fodeu (desculpa a palavra) com a vida de 5 pessoas.

Talvez fosse um milagre, porque um acidente assim é normal acontecer, e é normal tirar a vida de algumas pessoas.

Apesar de não gostar de falar sobre isso, essas duas semanas lembrei muito do meu acidente, não por um motivo bom. Nessas duas semanas perdi dois amigos por acidente de trânsito.

O primeiro é um amigo de infância, moravamos na mesma rua, crescemos juntos, parceiro de viagem e tudo. Numa dessas viagens ele conheceu uma garota, se apaixonou e começaram a namorar.
Nesse tempo ele comprou uma moto, que era uma outra paixão, até mais do que a namorada.
Num sábado normal, montou na sua moto, resolveu encarar a estrada, uma viagem de Rio Claro até Bauru dura aproximadamente uma hora e meia.
Mas nesse dia ele não completou a viagem. No meio do caminho, perto de Brotas, um caminhoneiro não viu que ele estava na pista ao lado, um pouco atrás. Um minuto de distração, ou nem isso, talvez do caminhoneiro, talvez do meu amigo. E perdi um grande parceiro.

O segundo aconteceu esse fim de semana. Uma grande amiga que saiu daqui para visitar, com a família, para visitar alguns parentes em Rondonia. Como todo final de ano fazia. Já tinha os planos, todas as paradas, cada cidade que visitaria.
Passou o primeiro dia, estava em Mato Grosso e seguindo para Rondonia.
No meio do caminho um animal resolveu cruzar a pista e acabar com a viagem dessa família.
Uma morte besta. Injusta.
Não dá para culpar um animal pelo seu destino.

Eu penso, a mesma mão de Deus que me tirou de um acidente certo, não deu esse mesmo destino a esses amigos.
Nos dois casos, não pude me despedir deles.
O que eu tenho deles é a boa lembrança das duas pessoas mais "pra cima que conheci"; a certeza que eles tão em um lugar melhor, olhando pelos amigos que ficaram, porque algum dia vamos todos nos encontrar.

5 comentários:

Anônimo disse...

Nesse último find, mais um mebro de um lado da minha família chegou. Enquanto que do outro lado, um membro se despediu. Deus deu à natureza o dom da sabedoria: o ciclo.
Beijos!

Anônimo disse...

É, algumas vezes, não entendemos o motivo de uma perda nem de uma salvação...
E, principalmente, só sentimos a dor que fica na saudade...
Não há muito o que dizer da morte, só que ela é coisa certa a todos...
Como, onde, quando, por que são perguntas que não teremos a resposta até ela chegar...
Tenho certeza que eles, de onde estiverem estão dando força para continuarmos e estão bem...
Aqui compartilho com você da dor da saudade!
Beijokas!

Anônimo disse...

cara... sei como é isso. =/

Fabbie disse...

E quem gosta de falar da morte? Mas no fim n temos como fugir dela.
Se nascer e morrer é inevitável, só nos resta tentar aproveitar ao máximo o intervalo.

Bom fim de semana!
Beijos

.Ná. disse...

Art, é muito triste perder alguém de forma tão besta. Agradeça a Deus pela sua vida e ore pelos amigos que se foram. Mas nunca esqueça que morrer é rápido e inevitável: acontece só uma vez na nossa vida. E 'as pessoas não morrem, ficam encantadas'. São as palavras do Guimarães Rosa. E elas sempre me consolaram depois da perda de minha prima. A gente tem que ter fé, não importa em quê. Só Deus pode curar a dor e nos dar a alegria de volta.
Um beijo.

 
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